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Channel: Associação Atlética da Bahia | Memorias da Bahia
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O Estádio da Graça.Campo de grandes torneios e acontecimentos da cidade.

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Durante três décadas o Estádio da Graça, antes denominado de “Stadium” e “Campo” foi o cenário de grandes jogos organizados pela Liga Baiana de Futebol e Federação Baiana de Futebol, inclusive “matchs” com times de outros estados e outros países e a presença ilustre de visitantes, autoridades do Brasil e do mundo. Cenário também do primeiro título conquistado pelo Esporte Clube Bahia em 1931 e de muitos outros conquistados pelo Esporte Clube Vitória, Galicia, Ipiranga, Botafogo, dentre outros.

O Campeonato Baiano de Futebol era realizado no Ground do Rio Vermelho desde 1907, lugar considerado distante e desconfortável pela torcida que assistia aos jogos em pé ou em cadeiras alugadas, transportadas em carroças de burros das residências até o campo. Vivia um momento de polêmicas e conflitos. Foi esse desconforto e esse cenário que motivaram Arthur Moraes, ex-zagueiro do Esporte Clube Vitória e então dirigente esportivo, a construir num terreno de propriedade da família Rego e com apoio financeiro do comércio e indústria, o Campo da Graça.

Era o ano de 1919 e o estádio seria inaugurado em novembro do ano seguinte, construido em frente ao Café Rio Branco, entre as ruas Catharina Paraguassu e Humberto de Campos com acesso pela Avenida Euclides da Cunha. Localização estratégica, próxima da sede dos clubes da elite baiana: Bahiano de Tênis e Associação Atlética da Bahia que tinham constituído uma entidade aparte e estavam afastados do campeonato oficial. As elites aceitavam a popularização do esporte, mas a contrapartida era um campo com melhor infraestrutura.

O Campo da Graça tornou-se palco dos grandes acontecimentos da cidade como os exercícios de ginástica sueca praticados pelo corpo da Brigada Militar durantes as comemorações do Centenário da Independência (foto); apresentações de bandas e fanfarras, espetáculos circenses e outras manifestações. O público frequentava o espaço, trajado a rigor, exibindo elegância, as mulheres com seus melhores figurinos e jóias.

A empolgação do cronista da revista Semana Esportiva não deixa dúvidas quanto ao glamour do espaço:”O lindo pavilhão da arquibancada, como um enorme jardim aéreo, mostrava no encanto de suas flores, a graça e a formosura, tocadas pelo entusiasmo da torcida, ativando com seus perfumes a alma… Senti-me vacilar, na incerteza de que estava num campo de esporte ou em um salão de baile”.

“Já não é possivel, é fato reconhecido, fazer-se qualquer festa de monta na Bahia, sem incluir-se no programa um número esportivo”, comentava a citada publicação, a propósito da grande festa organizada em 1924 para recepcionar em Salvador o Principe Umberto de Savoia, herdeiro do trono Italiano.

Na ocasião o Estádio da Graça recebeu milhares de convidados que assistiram o “match” entre os times do “Dreadnougth” de São Paulo e a Seleção Baiana. Festa no capricho com performances da Policia Militar, lançamento de dardo e cabo de guerra e a exibição da banda da Esquadra Italiana. Nas arquibancadas destacavam-se as presenças ilustres do Príncipe Umberto, Governador Gões Calmon, Ministro Felix Pacheco, dentre outras autoridades.

Em 1951 o Estádio da Graça perdeu a saua finalidade, substituido pelo recêm construido Estádio da Fonte Nova, mais confortável e com maior capacidade de público. Prevalecia as ideias de um novo tempo em que o futebol já era concebido como um esporte de massa, paixão de multidões.


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